Um adolescente no divã do seu monstro Un adolescente en el divan de su monstruo

  • Greice Andréa Barbosa Machado FAMAQUI
  • Patricia Rutsatz Faculdade Famaqui
Palavras-chave: adolescente-divã-sofrimento psíquico infanto-juvenil

Resumo

O filme “Sete Minutos depois da Meia-noite”, cujo nome original é A Monster
Calls, é baseado no romance homônimo de Patrick Ness. Produzido por Sandra
Hermida e dirigido por J.A. Bayona. O filme trata da experiência de um menino de 13
anos chamado Connor, cuja mãe está gravemente doente com câncer. Connor é
muito só, mora somente com a mãe, não tem amigos na escola e sofre bullying. O
pai vive em outro país e, a avó materna, que seria a referência familiar mais próxima
geograficamente, mantém uma relação muito distanciada e de pouco diálogo com o
neto.
Fica claro no filme que Connor já convive com a doença da mãe há muito
tempo. É habituado às tarefas domésticas e responsabiliza-se quase que
exclusivamente por elas. Ainda assim, a mãe, mesmo debilitada, mostra-se muito
afetiva e disposta a ser o seu porto seguro emocional. A mãe tem dotes artísticos e
o estimula a desenhar e a se expressar artisticamente.
Durante todo o filme, Connor tem um pesadelo frequente. Nele, estão ele e a
mãe, e então, abre-se um abismo sob seus pés, onde a mãe está prestes a cair. Ele
a segura pela mão, mas ela acaba se soltando e é quando Connor acorda.
Numa determinada noite, exatamente sete minutos após a meia-noite, uma
árvore, um teixo, que Connor vê pela sua janela se transforma em um monstro. Esse
monstro diz ao menino que foi chamado por ele, e que veio para curar. Diz-lhe que
lhe contará 3 histórias e que a quarta deverá ser contada por Connor, e esta última
deverá ser a verdade sobre si.
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Ao longo do filme, o monstro retorna no mesmo horário – sete minutos após a
meia-noite – e também em outros momentos, por exemplo, quando Connor revida o
bullying sofrido na escola com extrema violência; ou quando destrói toda a sala de
estar da casa da avó. Depois destas situações, Connor sempre pergunta aos
diferentes personagens: “Você não vai me punir?” E realmente nunca é punido,
possivelmente porque todos entendem que já está passando por algo muito
doloroso, que é enfrentar a iminente morte da mãe.
O monstro, conforme prometeu, conta histórias a Connor ao longo da
narrativa. Todas elas deixam Connor de certa forma confuso, pois seus personagens
são capazes de realizar maldades, e ao mesmo tempo, de realizar belos feitos.
Já chegando ao final do filme, conforme havia anunciado no início, o monstro
solicita a Connor que conte a quarta história, que é aquela que será a sua verdade.
O monstro coloca-o na cena do seu pesadelo, onde a mãe está prestes a cair no
abismo. A revelação dolorosa que Connor faz ao monstro é que é ele quem solta
deliberadamente a mão da mãe. Conta isso com enorme pesar e pede que o
monstro o puna. No entanto, o monstro o acolhe e valida seus sentimentos. Connor
parece aliviar-se da culpa e, sentindo-se muito cansado, aconchega-se e descansa
em seu monstro, que lhe afaga de maneira amorosa.
O monstro o acompanha até os momentos finais com a mãe, quando, nas
palavras do próprio monstro, Connor pôde finalmente soltá-la, justamente por tê-la
abraçado com força. O monstro permanece ao lado dele todo o tempo, e fica claro
que sua mãe também pode vê-lo, apesar de não demonstrar para Connor.
Após a morte da mãe, Connor passa a viver com a avó materna, de quem
parece se sentir mais próximo ao final. Seu quarto na casa da avó é o antigo quarto
de sua mãe. Nele estão desenhos de sua mãe, de quando ela era criança. E nestes
já estava presente o monstro.

Referências

LEMOS, A & SILVA, N.C.G. A função terapêutica da arte de contar histórias. Revista
Intersemiose. Ano I. Vol. I. 1. jan-jul 2012. Disponível em:
http://www.neliufpe.com.br/wp-content/uploads/2012/06/01.pdf
MACHADO, R. Lisbôa e POLI, M.C. A criança e seu Entorno: Pesquisando a
Obesidade na Infância. Revista de Psicologia da IMED, vol.1, n.2, p. 169-179,
2009.
Publicado
2021-04-12